Provavelmente você já tenha escutado falar da lenda do Boitatá. Mas sabe como esta história teve origem? Se nos quatro cantos do país é contada mesma maneira?
Neste artigo, fizemos um apanhado de pesquisas que tratam desta temática, demonstrando a pluralidade de narrativas que se tem deste conto popular.
Seja como Boitatá, Baitatá ou ainda Batatão, a enorme cobra de fogo povoa o imaginário brasileiro há mais de 500 anos, defendendo as matas e os animais da destruição do homem dito civilizado.
Ela pode ser trabalhada no ensino de educação infantil e fundamental ciclo I, a fim de tratar da cultura brasileira e da sua diversidade, das tradições orais e explicar o porquê destas ficções.
Em um período de discussões sobre o meio ambiente, a lenda do Boitatá também pode estimular reflexões sobre a relação que a sociedade possui com a natureza.
Origem da lenda do Boitatá
Apesar de ser difícil traçar uma data exata em que um costume popular se inicia em uma sociedade, no caso da lenda do Boitatá é possível apontar o século XVI como o momento de sua origem.
Cientificamente, a ideia de haver uma entidade em chamas pode ser explicada a partir da reação química gerada pelos ossos de animais que, contendo fósforo branco, entram em combustão ao serem atingidos por um raio ou através do atrito.
Já a partir dos olhos da História, esta lenda foi trazida para o Brasil pelos jesuítas portugueses, que tinham como função a catequização dos indígenas. Para isso, faziam diálogos entre a cultura e crenças dos nativos e o cristianismo europeu.
Assim, durante a época colonial, a serpente de fogo era considerada um ser que vive nas águas e está sempre pronto para incendiar aqueles que querem destruir a floresta e sua fauna.
Para isso, ele pode se transformar em uma tora de madeira em fogo, o que lhe ajuda a enganar estes invasores. Além disso, acredita-se que quem olha para ela pode ficar louca e perder a visão.
Desta maneira, a melhor coisa a se fazer é prender a respiração e fechar os olhos até esta entidade se afastar.
Lenda do Boitatá por região
Como todo conto popular, a lenda do Boitatá possui várias narrativas diferentes no Brasil: cada região conta esta história através de elementos locais.
Podemos dizer que a versão mais conhecida, que dá conta de uma serpente que vive na água e tem a função de proteger o meio ambiente, tem origem na região Norte do país. Entretanto, ela não é a única.
Assim, no Rio Grande do Sul, o batatá ou baitatá tem relações com o dilúvio da tradição bíblica.
Em meio a destruição da Terra, as cobras – símbolos de traição – teriam sido as únicas a morrerem pelo fogo. Assim, este ser que aparece das águas traz a chama acesa em seu ventre.
Em outra versão, os animais teriam fugido para um canto elevado com a tempestade e a cobra teria se aproveitado disso para comer os olhos destas figuras. Porém, ela ficou fraca, morreu e depois reapareceu iluminando as florestas.
Já na região Nordeste, o boitatá ganha a alcunha de Alma dos compadres e das comadres, sendo vinculado às almas penadas que arrasam tudo por onde passam.
Por fim, caso interessante é que em Santa Catarina o boitatá assume a figura não de uma serpente, mas de um touro raivoso com um grande olho no meio da testa, patas gigantes e que solta fogo pela boca.
Aos professores que optarem em inserir a lenda do Boitatá em seu plano de aula, vale a pena explorar as diferentes narrativas contadas por região e estimular que alunos perguntem aos seus pais qual versão desta estória conhecem.